31 outubro 2012

Compartilhar Rhauan Macedo
Eu não sou um transexual, mas ao ler o seu livro a sensação que se tinha é que eu era um, estava na sua pele, eu era você, João. E sendo você pude sentir a sua angustia num corpo que não me pertencia. Em vários momentos pude me emocionar e vir às lagrimas mesmo. Quando você e sua mãe tiveram uma conversa logo após da sua visita ao psiquiatra para conseguir o laudo, outro momento foi

logo após esse episodio, quando você voltou da sua primeira cirurgia, a felicidade que você sentia era tamanha que transcendiam as palavras que pude sentir a mesma alegria, não pude me conter e chorei de emoção. O momento que fiquei muito reflexivo e angustiado foi à conversa que você teve consigo mesmo no capitulo cinco “Corpo Trans-tornado”, me senti dentro da sua mente em conflito. Ao final, assim que li a última palavra e fechei o seu livro mais uma vez vim às lágrimas (como estou neste exato momento ao te escrever). Viagem solitária não representou apenas um livro pra mim, mas uma experiência maravilhosa a qual você, João, só você pôde me proporcionar.
Você não sabe a importância que a sua pessoa, a sua sabedoria e a sua historia tiveram na minha vida. Eu sou homossexual, não me aceitava, ainda estava em conflito comigo mesmo, não sabia o que pensar nem agir. Um dia vi sua entrevista na Marília Gabriela, desde aquele dia fui pesquisar mais sobre a transexualidade li artigos, assisti a documentários e pesquisei sobre o assunto, apesar de não ser um trans me aceitei como gay, passei da VERGONHA ao ORGULHO como eu sempre gosto de falar.
Quando recebi seu livro fui devorando cada palavra e percebi que o terminaria muito rápido dessa forma, então decidi que iria o ler lentamente para poder “saborea-lo” o que levou um pouco mais de uma semana. Quem me presenteou foi uma pessoa muito especial pra mim. Todos os meus amigos já te conhecem, falo muito de você pra eles, já tem até uma fila para emprestá-lo.
Eu tenho um irmão gêmeo que ao saber de mim e que eu estava namorando aceitou de boa já que o meu namorado é também amigo dele. Mas eu sabia que ele ainda estava na negação. Ele pensava que talvez fosse só carência ou algo do tipo, como uma amiga me contou que ele havia lhe confidenciado. Um dia ao deixar o computador com vários artigos, documentários sobre a homossexualidade e transexualidade que você indicou, meu irmão caiu na real como ele mesmo disse a mesma amiga e hoje estamos cem por cento de boa graças a você, João. Hoje eu não me importo se alguém saiba de mim ou que estou namorando: eu já revelei isso à maioria os meus amigos. Queria apenas que a minha mãe soubesse, mas acho que vai ser o mais difícil já que ela é uma católica fervorosa de costumes de uma cidade pequena, de mentes provincianas (moro no interior do Piauí perto de Teresina).
João, muito obrigado por tudo. Serei eternamente grato a você, desculpe se o meu relato ficou um pouco extenso, mas tinha necessidade de contar essa parte da minha historia, a qual você sem saber me ajudou a construir. Você não faz ideia da admiração que tenho a sua pessoa... Tenho a esperança de um dia poder conhecê-lo pessoalmente e poder te dar um abraço de agradecimento.
P.S Deixei um espaço reservado no meu livro para você um dia poder autografa-lo.

Nenhum comentário: